Kung Fu Shaolin do Sul | Estilo Fei Hok Phai

Bāguàzhǎng


Bāguàzhǎng (八卦掌) é uma das três maiores escolas internas (Neijia) de artes marciais chinesas (Wushu), sendo as outras duas o Xingyiquan (形意拳) e o Taijiquan (太極拳). Bāguàzhǎng, literalmente, significa “palma dos oito trigramas”, referência aos 8 trigramas do I Ching (Yijing), um dos livros fundamentais do Taoísmo.
八卦掌
Pinyin: Bāguàzhǎng
Wade-Giles:     Pa Kua Chang
Andar em círculos
Baguazhang estilo Sun
A prática de andar em círculos é uma das características fundamentais do treinamento de base e de movimentação do baguazhang.
Os praticantes desta arte andam como que ao redor de um círculo, mantêm sua base baixa, o olhar dirigido para o centro do círculo. Periodicamente mudam a direção do movimento enquanto executam as formas características de cada “palma”.
Os deslocamentos em torno do círculo se configuram em uma estratégia de combate que procura evitar um confronto direto de força bruta com o adversário ao escapar pelos lados ou pelas suas costas.
Os aspectos internos do treinamento de baguazhang são parecidos com os do hsing-i chuan e do tai chi chuan, artes marciais chinesas com a mesma fundamentação nos princípios do taoísmo.
Os diversos estilos de baguazhang têm em comum uma série de princípios básicos resumidos em um texto anônimo conhecido como Shi yao ba fa (十要八法), “As 10 Orientações” e “Os oito princípios”, expostos a seguir.
Shi yao (十要): As 10 Orientações
Os oito trigramas do Pa Kua, fundamentação teórica do Bagua Zhang.
1. Cabeça
Cabeça e nuca alinhadas, o olhar na linha do horizonte, o pescoço relaxado e as vértebras alongadas. Espírito e intenção presentes.
2. Costas
Esvaziar o peito e arredondar a costas. O impulso leva o corpo adiante, desloca-se com naturalidade sem tensão nem rigidez .
3. Ombros
Os ombros interligados, distendidos, afrouxados, de modo que a força chegue às mãos com naturalidade.
4. Braço
O braço que avança se afasta do corpo, o que permanece recuado o protege. Ao girar e transpassar os braços, as transformações das palmas ocorrem com espontaneidade.
5. Cotovelos
Abaixar e aproximar os cotovelos de modo que a força seja transmitida às mãos sem qualquer tensão. O cuidado com os cotovelos é fundamental para proteger-se durante os ataques.
6. Mãos
Polegares verticais afastados dos outros quatro dedos, que permanecem colados. A “Boca do Tigre” (Ho Ku em chinês), área da mão entre o dedo polegar e o indicador, arredondada.
7. Tronco
A coluna delineia um eixo, ela gira e com vigor e agilidade, de modo que flexibilidade e firmeza se alternem.
8. Quadris
Contrair e suspender o baixo ventre com suavidade, contraindo e suspendendo a região do períneo, para permitir a ligação dos meridianos de energia Renmai (任脉) e Dumai (督脉), assim a energia desce ao “Campo de cinábrio” (丹田). Recolher os quadris levando levemente o cóccix para a frente.
9. Pernas
A perna da frente conduz o movimento, a de trás serve de apoio e proporciona controle. Os joelhos giram levemente para dentro, as coxas se movem como tesouras.
10. Pés
O pé mais próximo à região interior do círculo avança reto, o pé exterior se inclina levemente para o centro. Os dedos do pé se curvam ligeiramente, como se tentassem apreender o solo. Cada passo é dado como se os pés estivessem deslizando sobre a lama.
Ba Fa (八法): os oito princípios
1. Os 3 DING (suspender)
Suspender a cabeça para assegurar verticalidade
Suspender a língua contra o “palácio” (o palato) para produzir saliva, considerada um fluido vital precioso pelos taoístas
Suspender as palmas, flexionando levemente os pulsos para reforçar as mãos e dar força aos dedos
2. Os 3 KOU (firmar)
Firmar os ombros de modo que a energia seja transmitida aos cotovelos com naturalidade
Firmar o dorso das mãos de modo que a energia flua para as mãos
Firmar o lado de cima dos pés, apreendendo o solo com os dedos do pé, de modo que toda a energia enraizada nos pés possa ser transmitida para o corpo e que as posturas sejam estáveis
3. Os 3 YUAN (arredondar)
Arredondar as costas alongando as omoplatas para transmitir a energia aos braços
Arredondar o peito para relaxar os peitorais e os ombros
Arredondar a “Boca do Tigre” para transmitir a energia aos dedos e para poder emiti-la
4. Os 3 MIN (agilidade, rapidez)
O coração deve ser ágil e rápido para poder se adaptar a todas às transformações das palmas
O olhar deve ser ágil e rápido para distinguir os movimentos nas seis direcções
As mãos devem ser ágeis e rápidas ao sair e tocar o adversário
5. Os 3 BAO (preservar)
Preservar o coração e a intenção de modo que a energia não se perca ao ser exteriorizada
Preservar os flancos para reter toda a sua energia
Preservar a audácia e a coragem para continuar a ser integro frente ao adversário
6. Os 3 CHUI (descer)
Descer a energia ao Dantian, respirando com naturalidade
Descer os ombros para permitir à energia descer aos cotovelos
Descer os cotovelos para permitir que as costas se arredondem
7. Os 3 QU (flexionar)
Flexionar os braços de modo que a energia possa circular livremente
Flexionar as pernas para enraizar o corpo
Flexionar os pulsos para ampliar a energia das mãos
8. Os 3 TING (estruturar)
Estruturar o pescoço para manifestar a vitalidade
Estruturar o tronco para permitir que a energia vital circule por todo o corpo
Estruturar os joelhos para que permitam liberar toda sua força, que sua energia e espírito possam fluir
Os oito animais
No Baguazhang os oito trigramas do Pakua costumam ser relacionados a oito animais com características relacionadas aos movimentos de cada palma.
Estas relações e a ordem em que as diferentes sequências de cada palma são realizadas variam nos deferentes estilos desta arte marcial. Por exemplo, a correspondencia entre os trigramas e os animais no Bagua Zhang estilo Yin é:
Trigrama          Animal             Chinês
Chinês Pinyin
☲        離        Li         Galo     鷂
☷        坤        Kun     Qílín     麟        Algumas vezes traduzidos por “unicórnio” ou “Unicórnio chinês”
☱        兌        Dui       Macaco           猴
☰        乾        Qian     Leão    獅
☵        坎        Kan     Serpente          蛇
☳        震        Zhen    Lóng    龍        Freqüentemente traduzido por “Dragão chinês”
☶        艮        Gen      Urso    熊
☴        巽        Xun      Fènghuáng       鳳        Freqüentemente traduzido por “Fênix” ou “Fênix chinês”
Associações similares entre movimentos marciais e animais também existem nas formas praticadas em outros estilos de artes marciais chinesas, como o Shaolin.
A história do Baguazhang
Cheng Tinghua
O Baguazhang foi desenvolvido por Dong Haichuan (董海川) no começo do século XIX. Segundo seus próprios relatos, ele teria aprendido esta arte marcial de mestres taoístas e budistas nas montanhas da China rural. 

Há evidências que sugerem uma síntese de várias artes marciais pré-existentes ensinadas e praticadas na região em que ele vivia, combinadas à prática taoísta de andar em círculos. Dong Haichuan ensinou por muitos anos em Beijing, recebendo posteriormente apoio da corte Imperial.
Diversos discípulos de Dong se tornaram professores famosos, como Yin Fu (尹福), Cheng Tinghua (程廷華), Song Changrong (宋長榮), Liu Fengchun (劉鳳春), Ma Weiqi (馬維棋) e Liang Zhenpu (梁振蒲). 

Apesar de serem todos alunos do mesmo professor, seus métodos de treino e expressão técnica das palmas diferem: os estilos de Cheng e Liu são especializados no “empurrar das palmas”; o estilo Yin é conhecido pelas suas palmas sinuosas; os alunos de Song praticam a técnica de palma “Flor de Ameixeira” (梅花) (Mei Hua); e o estilo de palmas de Ma é conhecido como “Martelo”. 

Alguns dos alunos de Dong Haichuan participaram da “Revolta dos Boxers”, incluindo Cheng Tinghua.
Um dos mais famosos praticantes de Bagua do século XX foi Sun Lutang (孫録堂), que estudou Baguazhang com Cheng Tinghua. Sun foi também discípulo de Guo Yunshen no Xingyiquan e aprendeu o estilo Wu/Hao de taijiquan com Hao Weizhen. 

Sun Lutang teve grande reputação entre os profissionais de taijiquan do seu tempo por ter se destacado em seus estudos e escritos sobre esta arte, tornou-se famoso como criador do estilo Sun de taijiquan.
Escolas
A maioria dos praticantes de baguazhang treinam ou o Bagua Zhang estilo Yin (尹), ou Bagua Zhang estilo Cheng (程), ou o Bagua Zhang estilo Liang (梁).
Além destes estilos também existem vários outros de baguazhang, como o Bagua Zhang estilo Gao, Fan (樊), Shi (史), e Liu (劉), Fu (傅) e Jia.
Na China
Li Ziming foi uma figura de destaque no movimento pela preservação desta arte.
Beijing é onde mais se encontram praticantes de Baguazhang, incluindo estudantes das linhagens de Cheng, Fan Liang, Liu, Song e Yin.
Em Taiwan a maioria dos praticantes são da linhagem ou de Gao Yisheng (Cheng), Gong Baotian (Yin), Sun Xikun (Cheng) ou Sun Lutang (Cheng).
Em Hong Kong quase todos os praticantes são da linhagem de Fu Zhensong (mista).
No Brasil
No Brasil o Mestre Liu Chih Ming, discípulo do famoso Mestre Wang Shu Jin (王樹金), representa a 4ª geração da linhagem do Baguazhang.
Em São Paulo:
O Mestre Chan Kowk Wai (陳國偉) foi aluno do Mestre Fu Yonghui (傅永輝), filho do Mestre Fu Zhensong (傅振嵩), do estilo Fu. Ele também aprendeu o estilo Sun (孫) com Yan Shang Wu (嚴尚武), que aprendeu com o famoso Mestre Gu Ru Zhang (顧汝章), aluno do Mestre Sun Lutang.
Mestre Leonardo Liu (劉楊平), discípulo do Mestre Liu Zhong Ping(劉中平), pertence à 2º geração de Baguazhang da linhagem das das três portas de jade (San Men Yu Pai:三門玉)
Fonte: Wikipedia

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